Os resultados fiscais divulgados para junho de 2025 acendem um sinal de alerta para a política econômica do país. O setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 47,1 bilhões, valor superior ao déficit de R$ 40,9 bilhões observado em junho de 2024. Na prática, significa que, mesmo sem considerar os juros da dívida, o governo gastou mais do que arrecadou.
No acumulado de 12 meses, o superávit primário recuou para R$ 17,9 bilhões, representando 0,15% do PIB, uma queda em relação aos 0,20% do PIB do mês anterior. Esse recuo evidencia a dificuldade do governo em manter as contas públicas equilibradas, especialmente em um cenário de juros elevados e pressão sobre despesas obrigatórias.
Juros Nominais e Resultado Fiscal Total
Os juros nominais do setor público somaram R$ 61 bilhões em junho, contra R$ 94,9 bilhões no mesmo mês de 2024. O alívio veio principalmente dos ganhos com operações de swap cambial, que somaram R$ 20,9 bilhões.
Mesmo assim, o déficit nominal, que combina o resultado primário e os juros, foi de R$ 108,1 bilhões no mês. Em 12 meses, o déficit nominal ainda representa 7,30% do PIB, um patamar preocupante quando comparado aos padrões internacionais, pois limita a capacidade de o governo reduzir a dívida pública sem ajustes fiscais mais profundos.
Dívida Pública: Pressão Crescente em 2025
A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) atingiu 62,9% do PIB, subindo 0,9 ponto percentual em junho. O principal fator foi a valorização cambial de 4,4%, que aumenta o peso da dívida externa em reais, somada aos juros nominais e ao déficit primário.
Já a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), indicador mais observado por investidores internacionais, chegou a 76,6% do PIB (R$ 9,4 trilhões). Essa alta reflete emissões líquidas de dívida e juros acumulados, mesmo com o impacto positivo do crescimento nominal do PIB, que ajuda a reduzir a proporção dívida/PIB.
Em termos econômicos, esses números indicam que o ajuste fiscal brasileiro ainda é insuficiente para conter a trajetória de endividamento. A manutenção de juros elevados pelo Banco Central, para conter a inflação, agrava o custo da dívida e pressiona o resultado nominal. Se nada mudar, o país permanecerá em uma zona de vulnerabilidade fiscal, sensível a choques externos ou à perda de confiança dos investidores.
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